Sonia Lyra, PhD, apresenta a trajetória da Psicologia Analítica no Brasil em aula Magna na Uniguaçu

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O Centro Universitário Vale do Iguaçu Uniguaçu, promoveu na noite 22 de agosto de 2019, a aula Magna para os acadêmicos de Psicologia da Instituição. A Analista Junguiana, Dra. Sonia Lyra, apresentou ao público um pouco de sua trajetória pessoal e o histórico da Psicologia Analítica no Brasil.

Confira um fragmento da palestra:

“Então, eu me apaixonei pela Psicologia Analítica no início de meus estudos. Eu estava no segundo ano da faculdade. Estava indo para o trabalho, quando um amigo me mostrou um livro chamado O homem e seus símbolos. Ele falou: ‘Você conhece esse livro?’ Eu falei: ‘Ainda não.’ Mas, naquele mesmo dia eu saí do trabalho ao meio-dia e fui comprar o livro. Nessa época ainda não tinha praticamente nada sobre Psicologia Analítica aqui no Brasil. A Psicologia Analítica aqui no Brasil, iniciou com a Doutora Nise da Silveira, com os trabalhos no Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro. Ela foi falar no Congresso em Zurique e levou alguns casos de pacientes. Ela abriu um ateliê de pintura para que os pacientes pudessem dar expressão para as suas emoções. E aquilo, de repente, foi se transformando. Ela também colocou co-terapeutas: Permitiu que os pacientes tivessem bichinhos de estimação. E isso contribuía profundamente para acalmar as pessoas, para elas poderem lidar com aquele afeto que existe dentro delas. Hoje já existe o Instituto, passado vários anos da morte dela. Já apareceu em filme, aparece nos museus por aí. A história dela é muito interessante. Ela ficou na prisão, trabalhou na Revolução, fez coisas tentando o bem-estar dos pacientes portadores de doenças mentais da época. Outra  pessoa que trouxe o Jung para o Brasil foi o Pethö Sándor, que trabalhou com a calatonia lá em São Paulo e hoje tem o Instituto Sede Sapientiae, em São Paulo, que dá uma continuidade ao trabalho do Sándor aqui no Brasil. Ele também fugiu de um trem de guerra, não foi morto por pouco. A terceira pessoa responsável pela difusão de Jung no Brasil, que ainda está viva, é o Doutor Léon Bonaventure. Ele escreveu a obra de doutorado dele que chama-se Psicologia e vida mística. Vale a pena ler, é um livro que vocês devem agregar à lista obrigatória de leituras, porque ele estuda as moradas de Santa Tereza d´Ávilla na perspectiva simbólica. Ao ler um livro,  você está assimilando a mente desse autor que, na verdade, já é a conjunção de muitas mentes. Então, quando a gente fala Carl Jung, quem é o Carl Jung? O Carl Jung é a conjunção de muitas mentes. Para vocês terem uma ideia, o Carl Jung, ele se apropria, a gente diz se apropria porque é um termo técnico dentro desses estudos todos aí. Ele se apropria do conceito de símbolo de Nicolau de Cusa que foi o autor do qual eu escrevi a minha tese de doutorado. Eu escrevi Nicolau de Cusa: Visão de Deus e Teoria do Conhecimento. E o que eu tive que fazer é provar que visão de Deus é teoria do conhecimento. Então, isso aconteceu, foi tudo muito interessante. O que eu estou querendo dizer?! Estou querendo dizer que o Jung, ele também fez isso, ele leu, leu, leu e escreveu artigos. Os livros dele hoje, para vocês terem uma ideia, são compilações de apresentações orais que ele fazia nos congressos e nas Associações de Medicina lá na Suíça. E eu também fui contar essa história porque ele e o Freud estão distantes duas horas de trem. Eles se encontravam lá e debatiam as suas teorias. Nós temos aquele livro Freud e Jung: correspondência completa. É indispensável lê-lo. Psicanalistas e analistas têm que ler. Os psicanalistas receberam essa titulação devido a Freud ter utilizado a Psicanálise para denominar a sua teoria. Depois, Jung, durante seis ou sete anos, divulgou a Psicanálise profundamente. Então, isso obrigou ele a compreender melhor o Freud, a escrever mais artigos. Mas ele não foi propriamente um discípulo de Freud, porque ele já tinha pensamento próprio quando eles se conheceram. Então ele não foi lá aprender com Freud sobre a Psicanálise. Mas como a psicologia dele ainda não existia e Freud era bem mais velho e já tinha uma trajetória, ele meio que seguiu em paralelo e o que aconteceu, para quem não sabe (…). Para quem não sabe os dois foram tendo divergências teóricas. A parte pessoal não nos interessa. Se eles se gostavam ou não se gostavam. Lá nas cartas eles dizem ‘meu querido, meu isso, meu aquilo, meu amigo.’ Assim que assinam. ‘Seu admirador e isso e aquilo.’ O que acontece é que eles tiveram uma divergência básica que eu acho que nós devemos ter em conta quando fazemos essa apresentação da teoria. O instinto básico. Freud entendeu que o instinto de base é sexual. Já Jung entendeu que existe um outro instinto de base. Quem acerta essa? Qual? Qual é o instinto de base para o Jung, quem arrisca? Ele disse que existe um outro instinto mais poderoso que o instinto sexual, sem negar, de forma nenhuma, o instinto sexual. Ele disse que tem outro instinto, que é o instinto de reflexão. E com isso eles não se opuseram necessariamente, mas se abria um caminho novo que o Jung veio apresentando. Por que é que nós quisemos fazer desse diálogo uma reflexão sobre uma Psicologia do futuro. Por que? O que se passa com os nossos psicólogos hoje? Como é que é ser psicólogo agora, cem anos depois desses grandes gênios e todos aqueles que vieram depois deles?Depois deles essas escolas, elas vão como que se subdividindo. Da parte do Doutor Jung, já temos três escolas praticamente que seguem, depois da ruptura com Freud, ele teve que criar um nome para a sua própria psicologia, porque até então ele também se dizia psicanalista. Dessa forma, Jung denominou a psicologia dele de psicologia analítica. Mas ele também chamou a psicologia dele de Psicologia Profunda, Psicologia Complexa, chamou de Psicologia Médica. Vocês, hoje, já são parte dessa história. Não sei se vocês sabem disso. Nós temos um livro que está escrevendo passo a passo a história da Psicologia Analítica no Brasil. E dar essa aula e participar aqui com vocês, professora, também faz parte dessa história. Porque é uma trajetória e é assim que a gente vai construindo uma história…”

Confira as fotografias e o depoimento dos participantes:

“Nós tivemos um pouco de conteúdo sobre a Psicologia Analítica no percorrer do curso, mas quando surgiu a oportunidade de ter a Sonia aqui nossa Faculdade, despertou em mim uma curiosidade muito grande de conhecer mais a fundo sobre a Psicologia Analítica. A partir do momento em que a Dra. Sonia começou a palestra e falou sobre toda a sua experiência, fiquei encantada. A palestra foi incrível, divertida e dinâmica. Ela tem um domínio espetacular e agregou muito conhecimento para mim e certamente para todos!” Ana Carolina Mochnacz, acadêmica do décimo período de Psicologia.

“Esta foi uma experiência incrível para todos que participaram. Clareou muitas dúvidas que tínhamos, principalmente com relação aos sonhos, que é uma área que eu me interesso muito e tenho uma paixão muito grande. As experiências que a Sonia trouxe para a gente mostram que ela é uma pessoa muito influente e começou de baixo. Estamos vivendo um período difícil, de dúvidas, de medos, principalmente com relação ao que vamos fazer depois que acabar o último período. Então, acredito que ela compartilhar essas experiências de vida com a gente é extremamente gratificante e motivador.” Franciele Daiane Iwanczuk, acadêmica do décimo período de Psicologia. 

“A professora Sonia é fantástica, um ser iluminado. Ela nos trouxe hoje uma visão de psicologia diferente, que é brilhar os olhos, tocar o coração e curar a alma. É realmente importante reafirmar aos acadêmicos e novos profissionais que é necessário primeiro trasnformar-se pela a psicologia para então depois começar a atuar profissionalmente. Os alunos estavam me falando há pouco que sem dúvida, foi a melhor das palestras que eles já tiveram em quatro anos e isso me emociona muito. É muito gratificante ouvir isso dos alunos.” Guidi Rucinski, Coordenadora do Curso de Psicologia da Uniguaçu.

“Participei e vivenciei 4 das palestras e é muito interessante. Eu conhecia a Imaginação Ativa, pois já tinha feito uma sessão com a minha psicóloga. Então pude ter novos insights e percepções. Eu acredito que o ponto principal que foi levantado é minha própria busca pelo self e propósito de vida. Durante as palestras eu senti em meu coração o toque para seguir esse caminho mais diretamente.” Marcel Schraier, fisioterapeuta. 

A palestra na Uniguaçu encerra o ciclo de atividades da Dra. Sonia nas cidades irmãs União da Vitória e Porto União.

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